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11 março 2016

Um bebê, uma rotina, o inverno e eu.



Saindo para trabalhar como faz sempre, ele deu um beijo em cada uma de nós, sorriu e me disse: bom dia de aventuras com Chloe! Eu ainda acordando, com cara de sono, despenteada (sim eu não estava nem um pouco sexy!) sorri com meia boca e respondi: Olha como estou animada pra mais este dia de aventuras... 

Enquanto isso nossa bebezinha de nove meses rodopia na cama indo de um lado ao outro toda entusiasmada! Ela sempre acorda sorridente e falante e é dificil resistir ao seu bom humor. Então como sempre, eu a encho de beijos, ela ri ainda mais, nós rolamos juntas mais um pouquinho na cama até que vamos enfim nos arrumar.

 E assim começa nosso dia...



Já de pé, preparo o café da manha para nós duas. No primeiro momento do dia me deparo com a tarefa mais árdua; dar comida na mesa! E lembro que isso se repetirá uma, duas, três e as vezes até quatro vezes...

Sento minha filhinha em sua cadeira (cadeirão de bebê) e em poucos minutos ela já esta se remexendo; quer pegar tudo, examinar tudo, colocar tudo na boca, ficar de pé! Subir na mesa, puxar a colher da minha mão, pegar a comida que esta no pratinho e me puxar pra eu ajuda-la em qualquer coisa... reclama que não tem nenhum brinquedo, eu pego. As vezes distrai com alguma coisa e eu consigo terminar a tarefa. 

E enfim, primeiro round do dia vencido; café da manha dado! Olho ao redor e vejo que  a  sala continua arrumada e quase não tem sujeira de comida.

Deixo ela no chão, e passo as minhas atividades. Ela brinca com os brinquedos que estão na sua caixa de brinquedos, cansa. Persegue os cachorrinhos, tenta passar a mão neles e ri batendo palminhas. Às vezes os cachorrinhos entram na brincadeira dela às vezes correm. O Billy (um pug de cor abricot) é mais paciente e gentil. Ti-loup (uma pug pretinha) mais interesseira (se tem comida ela quer, senão, não!). Chloe adora ficar rodeada pelos cachorros. Já sacou que se tem comida eles vem e vive oferecendo pra eles tudo que eu dou pra ela... e vai eu vigiar cachorro e bebê! rs.


Dando comida pro Billy. E Ti-loup ao fundo esperando sua vez.
Ela adora dançar. Às vezes coloco música no youtube da TV e ela fica olhando atentamente. Segurando na sua caixa de brinquedos, balança o corpinho e baixa e levanta dobrando os joelhos. Se encanta com o vídeo do “Purpose: the moviment” grupo que dança, entre outras, a música “Sorry “ do Justin Bieber, sua preferida.  Acho que talvez pelas roupas coloridas que elas usam no vídeo e pelas meninas do grupo serem jovens ou adolescentes, não sei. Só sei que ela adora! Mas ai eu também vou variando as músicas;  hora de criança, hora de adolescente, hora de adulto (pois eu também sou gente!) rsrs... 


Coloco ela no balanço pra ela me dar um tempo, pois lá ela fica presa; tenho um na porta da cozinha e outro no quarto dela. Antes ela adorava, mas agora a paciência dela não tem durado muito tempo nestes brinquedos. As vezes insisto e coloco no “Exer saucer” (uma brinquedo parecido com aquele andador antigo, porem fixo, sem rodinhas pois aqui o andador é proibido) mas sei que logo, logo terei que tira-la de lá. Ela quer engatinhar! Quer andar sozinha para todo lado. Quer desbravar o mundo dela...  e realmente é preciso deixar. É muito importante para seu desenvolvimento. Mas que é cansativo, ah isso é! 

 
Com a "boca na botija! comida de cachorro

Olho pro lado e ela corre e vai direto pegar a água ou a comida dos cachorros... Já coleciona alguns banhos de água de cachorro. Rsrs...  Conhece até mesmo o gosto da ração e deve ser bom, pois já repetiu a dose! Viro de costas e ela sobe na cadeirinha vermelha (que não  tem pé e é bem baixinha ) e tenta escalar o móvel da TV! Distraio olhando o whatsapp ou facebook e ela coloca na boca um pedaço de qualquer coisa que achou no chão. Atendo o telefone e ela se enfia debaixo da cadeira e não consegue sair. Sento pra descansar e ela pede colo!... respiro fundo e lembro que esta só no começo do dia.


Entre uma peraltice... ops! Entre uma atividade e outra da Chloe, dá pra eu fazer algumas coisas. Às vezes com dificuldade, deixando as tarefas pela metade pra socorrer outra coisa, às vezes sossegada vendo ela brincar distraidamente.  É assim. Pra mãe com bebes ou crianças pequenas em casa, o tempo é sempre relativo! E qualquer um que passar por isso vai entender direitinho o conceito da teoria da relatividade de Einstein. E mais! Vai pode contribuir com as pesquisas sobre uma nova ideia : tempo x bebê (rs)


No finalzinho da manha o soninho dela chega, ela coça o olhinho, pede colo e lá vamos nós pra um cochilo. Eu adoro amamentar  e adoro também nina-la no colo enquanto balanço na cadeira de amamentação.  É tão sublime. Tão doce! Tão gostoso sentir seu corpinho agarradinho ao meu... um serzinho tão pequeno e tão cheio de vida! 


Enquanto ela dorme eu lembro de suas peraltices pela manha e sorrio... tudo é paz e amor neste momento.

Tem dias que ela dorme bem durante o dia; umas duas ou três horas seguidas. Tem outros que pouco depois de meia hora já esta pronta para recomeçar. É assim mesmo, meio imprevisível.

Sonequinha da tarde
Deixo ela no berço e vou dar continuidade aos meus afazeres. Se paro para escrever, como estou fazendo hoje,  perco boa parte do meu dia útil. Mas é bom pois distrai minha cabeça e faço outra coisa que gosto; escrever! Tem dias que levo ela para visitar algum amigo, e outros recebemos visitas. É muito bom! Mudar a rotina e fazer alguma coisa que gostamos é sempre importante ate mesmo vital para nos sentirmos mais dispostas para esta “ jornada de aventuras cotidiana”.


Eu acho o inverno meio chato. Se estamos trabalhando ou estudando é a época mais puxada. É o momento que mais nos dedicamos a estas tarefas, pois estamos nos preparando pra poder curtir o verão com mais tranquilidade.  No verão todo mundo quer aproveitar a vida; tirar férias, viajar, curtir o dia e o sol. Então no inverno trabalhamos muito. Mas não é só isso não. Não tenho muita habilidade com esportes de inverno, então tudo fica meio limitado pra mim.


Cuidar de criança no inverno é também muito chato (principalmente bebes). Não tem muito que fazer na rua, só passear e ver coisas, mas bebê tem seu ritmo, sua rotina então além de fica complicado, passar frio a toa não é comigo. Em geral fazemos algo diferente nos finais de semana quando não temos nenhum evento marcado com os amigos. Mas durante a semana se não tem um compromisso, prefiro ficar em casa mesmo. É mais tranquilo e divertido. Mas se o dia estiver lindo, com temperatura razoável e de preferência nevando (que eu amo!) eu saio com ela. Dou uma voltinha por aqui perto de casa. 

Eu sou tranquila, paciente  e gosto de criança. Você deve estar pensando:  excelentes qualidades para quem tem filhos! É verdade. Tudo que nós realmente precisamos é de tranquilidade, paciência, boa vontade e amor! Então se você não tem essas qualidades  e ainda assim quer ter filhos se prepare psicologicamente para mudar. Digo isso, pois mesmo reconhecendo algumas qualidades como mãe, não acho que pra mim seja sempre tão tranquilo. Também nem sempre estou paciente e em outras ocasiões estou tão exausta que fico sem forças até pra pensar, quanto mais pra agir com serenidade. Mas ai recordo que gosto de criança... e isso não muda nunca! É isso que me faz lembrar que sou tranquila e sou paciente (rs) pra perseguir minha intenção primordial; o de ser uma boa mãe. Pois isso é o mínimo que devemos querer, não é mesmo?

atividades externa - inverno Canadense
Eu passo o dia com a Clô-Clô (apelido da Chloe) e os cachorrinhos e pretendo ficar assim até o final das férias. Pois minha intenção é colocar ela numa garderie e voltar a estudar e seguir com meus projetos pessoais apenas na sessão de outono que começa no final de agosto ou inicio de setembro.  Então eu não tenho ninguém que me ajude durante o dia em casa, só a noite e finais de semana quando o Dani, meu marido, esta aqui.  Luiza minha filha que já é adolescente, fica na escola o dia todo e depois ainda vai nos seus cursos no YMCA. Ela quase não dá mais trabalho, mas também não ajuda muito. Esta curtindo sua vida, com os amigos e com o recente namorado. Ela também esta num momento muito importante de sua vida, a transição da infância pra juventude! E daqui a pouco estará ingressando na vida adulta.


Ser dona de casa não é tarefa fácil. Admiro muito as pessoas que são boas donas de casa (normalmente são as mulheres) e que são felizes nesta função, o trabalho é árduo!  Criar filhos então é uma loucura, dá muito trabalho. Filho não vem com bula, cada um é diferente do outro e tem que ter muito cuidado e sensibilidade para  saber o que dá certo com um e não dá com o outro. E olha que tenho apenas duas filhas e com idades bem distintas.  Minha sorte, que não sou tão boa dona de casa, é que aqui no Canadá tudo é muito pratico; lavadeira disso e daquilo; robôzinho pra aspirar a casa (muito comum aqui e minha próxima aquisição!); e tantas outras maquinas que facilitam muito a nossa vida. Não posso nem reclamar! Juntando isso, nós ainda aprendemos a descomplicar as coisas e a vida e a sermos mais práticos, pra termos mais tempo pra fazer o que mais gostamos e o que na verdade é essencial;  viver mais tranquilo, participar mais da vida em família e ter mais disponibilidade para amar sem estar sufocado de coisas e afazeres.

Enquanto eu falo aqui, ela acorda lá... não dá  tempo pra divagar e filosofar muito aqui não. Mas nao devo reclamar pois hoje o tempo foi até razoável..

De volta as atividades, é a hora do almoço! E neste segundo round perco feio! Praticamente nocaute! E não pense que hoje foi exceção. Agora o cenário é de quase guerra! Rsrs...  Comida espalhada pra todo lado. Penso que preciso dar uma faxina caprichada na sala, na cadeira de almoço e na mesa. Preciso também tomar um banho bem demorado pra conseguir tirar toda a comida que ficou presa no meu cabelo ...

Hora do "papa"

À tarde a rotina de brincadeiras é a mesma.  Eu paro inúmeras vezes para interagir com ela. Ela adora quando eu pego ela no colo e começo a cantar e dançar. E eu adoro enfeita-la com fitas e laços e ficar tirando fotos de tudo! Sorrimos e brincamos juntas; ela ri de mim, eu rio dela. Falamos um idioma desconhecido que só nos duas entendemos...Compartilhamos momentos que serão inesquecíveis! E fico aqui pensando que quando ela crescer lhe contarei historias, lhe mostrarei  as fotos, relembrarei suas conquistas, me emocionarei com tudo que vivemos e certamente pensarei como tudo passou tão rápido!

Esta fase é uma das mais gostosas! De agora em diante tudo fica ainda mais divertido e prazeroso... o pior, ou o mais dificil, já passou. O pós-parto, a recuperação da cirurgia (no meu caso tive que fazer cesárea), toda adaptaçao da nova vida de mãe e bebê; o momento de aprender a amamentar (todas as duas vezes foi muito dificil pra mim); as noites mal dormidas, a primeira gripe (alguns bebes dão muito trabalho com doenças), o aprendizado do pai em ser pai. Sim, o pai também precisa se adaptar a nova situação. Precisa participar e também ajudar nas tarefas com os filhos. Tudo muda! Mas com o tempo as coisas vão se ajeitando e chegando no lugar. Por isso que digo, com a situação dominada,  fica ainda melhor!

No seu balanço sob a supervisão da irmã Luiza
Chloe e seus brinquedos
No finalzinho da tarde é a hora de mais uma sonequinha, ela coça o olhinho, pede colo e lá vamos nós pra mais um cochilo. Um cochilinho tão pequeno que quando o papai chega do trabalho ela já esta de pé pra ir sorrindo abraça-lo. 

A irmã quando chega  é uma atração a parte, Chloe segue ela por onde ela vai, e espera pra ser pegada no colo e para ganhar o abraço mais gostoso e saboreado do dia. Juntas elas são só carinho, amizade e admiração.
  

O banho, gostamos de dar juntos... é a hora do papai e da mamãe! O jantar vem normalmente antes do banho e em seguida vamos dormir. Eu sento na cadeira de balanço para nina-la, meia luz, tudo preparado para uma noite de bons sonos... ela se aconchega, fecha os olhinhos,  eu embalo, o tempo passa, ela dorme...

Eu adoro amamentar  e adoro também nina-la no colo enquanto balanço na cadeira de amamentação.  É tão sublime. Tão doce! Tão gostoso sentir seu corpinho agarradinho ao meu... um serzinho tão pequeno e tão cheio de vida! 

Enquanto ela dorme, eu me lembro de suas peraltices durante o dia e sorrio... tudo é paz e amor neste momento.



<3 <3 <3

08 março 2015

Perfil do imigrante



Sempre que a situação no Brasil parece piorar vem mais uma vez uma leva de gente procurando por informações sobre imigração. Não vejo problemas, acredito ser normal.  Sem esperança ou insatisfeito é que não dá pra viver.  Mas aí surge a questão, será que você tem perfil pra ser imigrante?
 
 
Imigrantes de vários países no curso de francisação da UQAM- Montreal -2010


Como já escrevi (aqui) eu costumo incentivar as mudanças, as viagens e também, claro, um projeto de imigração. Incentivo, pois acredito que vale a pena. Independente de qualquer resultado no final; se vai dar tudo certo, se vai ficar para sempre ou se vai arrumar as malas e voltar. Incentivo porque acredito que quando saímos da nossa zona de conforto aprendemos muito mais sobre a vida, sobre nossas relações com as pessoas e com o mundo em geral, mas aprendemos principalmente sobre nós mesmos. Incentivo porque acredito que as experiências vividas na imigração são ricas e podem ser transformadoras. 

Podem sim! Mas isso depende de cada um. 

Em outras palavras, o que eu acredito é a minha maneira de ver este tipo de experiência que nada mais é que uma interpretação muito pessoal do mundo, das minhas vivências e das trocas de experiências com amigos e conhecidos que compartilharam seus pontos de vista comigo. Por isso a decisão de migrar ou de imigrar é sempre muito pessoal e cabe a cada um fazer uma avaliação sobre o tema e principalmente analisar suas possibilidades de sucesso nesta empreitada.

Para te ajudar nesta sua decisão, listei os aspectos a serem analisados para ver se você esta preparado para partir rumo ao desconhecido. Voilà os dez itens do perfil de imigrante:


1-Disposição para enfrentar desafios;

Sem dúvida, a primeira coisa a ser avaliada neste projeto é seu potencial para enfrentar desafios e mudanças. Prepare-se, pois os desafios serão diários e a mudança certamente bem radical. E te asseguro que sem persistência e coragem seu projeto estará fadado ao fracasso. Então além das mudanças previsíveis, você também deverá estar disposto a descobrir novos sabores, a se adaptar ao clima (nem sempre favorável), a ser flexível, a se frustrar quando tentar se comunicar, a ler as entrelinhas, a aprender sobre a cultura local e a estar preparado para usar plano B, C ou D caso seu plano A venha abaixo.


2-Desapego;

Saber seu nível de desapego em relação a sua família, seu status social, seus amigos, sua cidade e até as pequenas coisas da vida também é de grande importância. Não estou falando aqui sobre sentir saudades. Isso é outra coisa. Mas se você consegue realmente viver sem tudo isso que você tem agora. Será que apenas visitas ocasionais ao Brasil serão suficientes para matar as saudades e continuar seguindo em frente? Tem pessoas que não conseguem viver sem visitar os pais semanalmente, ou sem sair pra tomar uma com os amigos, ou sem seguir seu time do coração, ou sem se estremecer ao som do carnaval... Às vezes estamos mais preparados pra nos desapegarmos de grandes coisas, um emprego, um caso de amor, o país, que esquecemos que são as pequenas coisas na nossa vida que mais nos fazem falta. 


3-Orgulho e vaidade;

Até que ponto você estaria disposto a moldar seu orgulho? Ter satisfação por suas realizações pode ser um sentimento elevado de dignidade pessoal, mas o orgulho tem outras facetas e trazê-lo na bagagem pode ser arriscado. Então, dispa-se dele! Humildade será a palavra de ordem. Toda imigração vem com uma boa dose de humildade e paciência. Por mais que você venha preparado, você vai ter que se adaptar as novas regras. Falar outro idioma é uma delas e desde que este não seja sua língua materna, certamente em algum momento você terá problemas. Esteja preparada para pessoas impacientes com seus erros e sotaque, então aprenda antes de tudo a respirar fundo, sorrir e não ter medo de começar a frase de novo. 


4- Eterno Imigrante;

Desde que você fincar os pés em outro país, você será um eterno imigrante aos olhos dos nativos ou na melhor das hipóteses será “um gringo”. Esqueça se seu sobrenome carrega gerações de reis e magnatas. Aliás, muitos sobrenomes para estas bandas de cá, parece soar como algo de extremo mau gosto, além de te trazer alguns problemas na hora de fazer inscrições. Mas enfim, mudar conceitos também faz parte das regras. 

Também esqueça se você já foi um profissional disputado a tapa pela concorrência, e mesmo tendo um currículo invejável, aqui ninguém te conhece! E isso infelizmente, contará contra você.  A menos que você seja realmente a única opção para a empresa, qualquer um que tenha uma “experiência canadense” passará na sua frente na lista. Aqui eles não valorizam “gringos” como vemos frequentemente no Brasil!

Sendo assim, você será em primeiro lugar, reconhecido como um imigrante, em segundo como sul americano ou latino americano, em terceiro (talvez) como brasileiro para só então passar a ser reconhecido como você mesmo, com nome e sobrenome! Talvez também, pois em algumas situações o reconhecimento só vai até os três primeiros tipos.


Imigrantes - amigos da época da francisação -


5-Preconceito;

Esteja preparado ou no mínimo ciente que você ou sua família podem sofrer preconceito. Infelizmente você não estará imune a isso! Sim, existe preconceito e descriminação por aqui. Não é a toa que a taxa de desempregados pode variar de acordo com a origem da pessoa. Pra se ter uma ideia, em 2014 à taxa de desemprego aqui no Quebec entre os nativos canadenses foi em media de 5%, já entre imigrantes asiáticos ficou por volta de 12%, entre os latinos americanos chegou a quase 15% e entre os imigrantes africanos 20%.

Existe uma visível discrepância entre a integração oferecida pelo governo e a oferecida pela sociedade. Enquanto o governo vai te dar todos os recursos necessários para sua integração (como validação do diploma e direitos iguais), a sociedade pode não ter a mesma boa vontade. Por isso não é difícil ver motoristas de taxi, atendentes de call center, caixas de supermercados, instaladores de tv e babás falando três línguas e com um diploma de bacharel guardado em algum canto.



6-Preconceito II;

O preconceito tem duas vias; então mesmo estando sujeito à discriminação o imigrante pode, por outro lado, ser um discriminador potencial. Tenha cuidado ao julgar! O Canadá é um país que protege os direitos humanos e as minorias. Muitas das propostas que são debatias no Brasil hoje já é realidade aqui há muitos anos como a lei do aborto; O reconhecimento ao casamento gay (há mais de 10 anos); O cigarro de maconha para uso medicinal; A maioridade penal a partir de 12 anos e até ajuda medica pra morrer (em determinados casos no Quebec). Então é importante que o imigrante tenha um espírito aberto e aprenda a julgar menos. Lembre-se  de que aquilo que você acredita e valoriza hoje pode mudar completamente amanhã.
 


7-Disposição para recomeçar;


Colocar a vida toda em algumas malas e atravessar o oceano, ou o continente, com um projeto de vida na mão não é coisa pra qualquer um. Tem gente que não gosta nem de mudar de rotina, imagina recomeçar do zero. E se tem uma coisa inegável na imigração é que será sem dúvida um recomeço. E recomeçar às vezes quer dizer recuar, pra depois avançar. Não pense que você vai chegar aqui e vai conseguir manter seu status social e muitas vezes tão pouco financeiro. Então invista nesta ideia com muita coragem. Não espere que uma história mal resolvida no passado venha bater a sua porta, conclua-a, ponha um ponto final. Aproveite pra se reciclar, para jogar fora os excessos antes que seja tarde; assim o recomeço será mais leve e prazeroso. 


8- Motivação;

Todo mundo que se interessa pela imigração acredita ter um motivo para querer imigrar. Uns sonharam com isso a vida toda, outros são levados pelas circunstâncias da vida. Mas, a menos que seu caso, seja motivado por alguma força maior que te obrigue a migrar, certifique-se que sua motivação é mesmo válida. Eu costumo dizer que não precisamos de motivos pra imigrar, basta ter coragem! Isso é verdade, mas eu sei que às vezes precisamos de motivos para apoiar nossa decisão. Então pense na imigração como um casamento, não venha sem ter certeza de que esta tomando a decisão certa. Assim como em um casamento você pode se separar, mas fazer um projeto pensando que pode não dar certo já é meio caminho para o fracasso. Imigrar deve ser uma decisão planejada com cuidado, sonhada e acalentada, mas com o devido pé no chão.


9- Perfil do solteiro x perfil do acompanhado;

Se você chegou até aqui, acredita que você tem o perfil necessário e você vai vir sozinho, ótimo! Você não tem com o que se preocupar. Mas se seu projeto envolver outras pessoas então esta não é o tipo de decisão que podemos tomar sozinhos. Imigrar tem que ser uma decisão conjunta, pois não é simples nem fácil. Se todos os envolvidos não tiverem de acordo dificilmente você conseguirá levar seu projeto adiante por muito tempo. Alguns casais não estão preparados para enfrentar este tipo de barra e acabam se separando; outros até se fortalecem. Outra coisa importante a considerar é a integração dos filhos, nenhum pai vive feliz sem a felicidade dos filhos.

Aqui cabe bem aquela frase; sonho que se sonha junto é realidade! Certifique-se que todos estão realmente embarcando nesta ideia. Mostre as vantagens que você esta vendo e converse bastante sobre isso. Assim quando estiverem aqui estarão todos dispostos a se apoiar e a andar juntos. Não tem nada melhor que comemorar o sucesso de um projeto com quem amamos.



Neste ponto já falamos dos principais desafios que você poderá enfrentar ao decidir ser um imigrante. Vamos agora a ultima dica:



10-Se informe;

Por que isso faz parte do perfil do imigrante? Porque buscar informações, pesquisar, ler e se informar é o que um pretendente a imigrante precisa pra ser mais assertivo e para minimizar os erros. Planeje! Invista tempo e energia no seu projeto! Ninguém ira fazer isso por você!

E além das informações referentes ao processo de imigração, se informe também sobre o país para onde você pretende migrar, sobre sua cultura, sua história. Um pouco de informação não vai te imunizar de todas as surpresas, mas vai te ajudar muito! Não só a compreender a nova cultura e a se integrar ao país que esta te acolhendo, mas também a decidir sobre seus objetivos depois de consolidada a imigração. 

Muitas pessoas acreditam que o Canadá e os EUA são praticamente a mesma coisa, mas ficam irritadas quando alguém não conhece o Brasil ou quando nos confundem com qualquer outro país da América do Sul. Então lembre-se que o Canadá tem sua própria historia e cultura, assim como o Brasil que é o único país latino que fala português é e muito diferente da Argentina, da Venezuela ou do Peru! 

Politicamente o Canadá é uma monarquia constitucional, e sua rainha é a Elisabeth II, a mesma da Inglaterra e da Austrália! Aqui se usa dólar canadense (e não americano!) e tem duas línguas oficiais; o francês e o inglês. O Canadá é um país de economia mista, com muitas políticas públicas que visam à igualdade social e a distribuição de renda. Não é um país para quem quer enriquecer, mas antes de tudo pra quem procura qualidade de vida e segurança. Se for isso que você esta procurando então seja bem-vindo!


E para finalizar deixo esta lenda para sua reflexão, ela se chama Oásis.

"Conta uma popular lenda do Oriente Próximo, que um jovem chegou à beira de um oásis junto a um povoado e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive neste lugar?
- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem? - perguntou por sua vez o ancião.
- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz - estou satisfeito de haver saído de lá.
- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui, replicou o velho.
No mesmo dia, outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive por aqui?
O velho respondeu com a mesma pergunta: - Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?
O rapaz respondeu: - Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.
- O mesmo encontrará por aqui - respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
- Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta?
Ao que o velho respondeu:
- Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto."


Abaixo alguns links de textos interessantes que falam do mesmo tema. Sempre vale a pena ver outros comentários sobre este assunto!

Devo ou não imigrar? - por Marcio Ribeiro (Montreal na real)
Na Balança -  por Daniela Junqueira (No tempo...)

O lado triste do Canadá   - Aquarela Magazine
Desabafo sobre o Canadá  - (vídeo) Brazilians in Canada